Síndrome de Down e a Odontologia

Ao falar da Trissomia do cromossomo 21, fenômeno genético responsável pela Síndrome de Down, é muito comum abordar a parte de genética e das terapias, mas será que existe uma relação entre a Síndrome de Down e a Odontologia?

Para contextualizar um pouco o assunto, vamos falar um pouco sobre a Síndrome de Down, que ocorre com pessoas que possuem 3 cópias do cromossomo 21 e não 2 com a maioria das pessoas.

Este cromossomo a mais promove algumas características bem conhecidas, como os olhos mais puxados para cima, as orelhas baixas, a língua mais grossa e uma menor estatura.

Além das características físicas, as pessoas com a Trissomia do 21, outro nome da síndrome,  apresentam atrasos no desenvolvimento motor e deficiência intelectual. Também é possível a ocorrência de problemas cardíacos, na tireoide e no intestino.

Relação entre a Síndrome de Down e a Odontologia

No momento da notícia sobre a Síndrome de Down para as famílias, é muito comum os profissionais mencionarem os cuidados que serão necessários na parte médica, como as visitas ao geneticista, ao pediatra, ao endocrinologista e a frequência nas terapias de estímulo precoce, como a fisioterapia, a fonoterapia e a terapia ocupacional, que são fundamentais para o desenvolvimento do bebê.

Mas, você sabia que a parte odontológica também pode apresentar algumas peculiaridades?

Toda criança deve começar a visitar o dentista logo nos primeiros meses de vida, mesmo antes de os primeiros dentinhos aparecerem, e com as pessoas com Síndrome de Down não é diferente. Mas há algumas ocorrências mais comuns entre a população com a T21.

Nascimento e formato dos dentes

Muitas vezes o dentinhos de leite dos bebês com Trissomia do 21 demoram mais para nascer. Em média os primeiros dentes surgem após o 1º ano de vida, e as crianças podem chegar aos 5 anos de vida sem ainda tê-los todos. É comum inclusive a agenesia de dentes, ou seja, alguns dentes podem não nascer principalmente os laterais superiores.

A maioria das pessoas com Síndrome de Down também possui dentes menores que a média, podem nascer em ordem alterada, com raízes menores, tortos e conoides, aqueles em formato de vampiro.

Boca, maxilar e outras questões de saúde

Geralmente o céu da boca (palato) da pessoa com Síndrome de Down é mais profundo e ovalado e seu maxilar é pequeno e pode ser mais para frente. Como o maxilar superior geralmente é menor que o inferior, há naturalmente um prejuízo na mordedura, que não se encaixa bem.

A respiração pela boca e o refluxo gastresofágico também são muito presentes. A respiração pela boca pode acarretar um maior surgimento de infecções, pois há menos saliva, e a saliva é uma grade protetora dos dentes. E o refluxo afeta diretamente o esmalte dos dentes, causando desgaste.

Outro ponto importante é a alta incidência de inflamação da gengiva, a doença periodontal, nessas pessoas, causada muitas vezes pela limitação do desenvolvimento do autocuidado. Por isso, é importante manter a limpeza feita no consultório do dentista em dia, e estimular o desenvolvimento de bons hábitos de higiene bucal.

As visitas ao dentista

Mas, calma. Toda essa informação acima não é motivo para preocupação. Com o acompanhamento correto de um dentista, a pessoa com Síndrome de Down terá dentes lindos e saudáveis.

É importante que desde antes do primeiro ano de vida a criança vá semestralmente ao dentista, pelo menos. Ele é a pessoa mais indicada para explicar exatamente as peculiaridades da dentição e da saúde da boca dessas pessoas.

Além disso, ele poderá fazer os procedimentos necessários como a limpeza, a aplicação de flúor ou a indicação de uma placa palatina de memória para auxiliar na melhor posição de língua e lábio superior.  

Ao longo da vida, é necessário manter as visitas ao dentista para tratar da prevenção e da educação para a higiene bucal e o autocuidado.

Que tipo de profissional buscar

Não há nenhuma exigência específica em um consultório ou profissional que tratará da pessoa com Síndrome de Down. Procure um dentista de nossa rede credenciada que se sinta apto ao atendimento deste paciente. Basta questioná-lo no momento da marcação da consulta.

É interessante, porém, que o profissional tenha algum conhecimento sobre essas questões mencionadas acima e esteja por dentro do histórico clínico do paciente. Afinal, em média 45% das pessoas com T21 são cardiopatas congênitas, ou seja, será necessário ter o acompanhamento do cardiologista durante o planejamento do tratamento para garantir que tudo seja feito da melhor maneira, pelo bem do paciente.

Você também pode acessar a cartilha do Movimento Down para ter mais detalhes sobre essas questões e alguns relatos de familiares de pessoas com a Síndrome de Down.

Leia também: Amamentação e saúde bucal da criança.

Setembro vermelho e a saúde cardíaca.

Voltar ao topo

Pin It on Pinterest